A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou muito nas últimas décadas. A mudança é resultado da atuação de fatores históricos, econômicos, sociais, culturais e políticos que, lentamente, moldaram a sociedade e o mundo corporativo contemporâneo.
Todos eles contribuíram com mudanças dos papéis de gênero na sociedade e com o aumento do interesse das novas gerações no combate à desigualdade entre homens e mulheres.
No Brasil, esse cenário permitiu o crescimento da ocupação feminina nos postos de trabalho. No entanto, estudos como “Estatísticas de gênero”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as mulheres enfrentam vários desafios na vida profissional.
Neste artigo, explicaremos alguns dados relevantes sobre a presença feminina no mercado de trabalho, quais desafios as mulheres no mercado de trabalho mais enfrentam, e como as empresas podem contribuir para mudar este cenário.
Conquistas das mulheres no mercado de trabalho
A estrutura do mercado de trabalho mudou muito desde o século XIX. O processo de industrialização e, principalmente, os efeitos da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, exigiu que as empresas abrissem as portas para as mulheres.
Afinal, o aumento das demandas comerciais, o deslocamento dos homens para os conflitos e a necessidade de manutenção do sustento familiar, criaram um ambiente para que mulheres assumissem funções que antes eram exclusivas dos homens.
No entanto, esse processo de inserção feminina no mercado não foi fácil, nem rápido. Além das diferenças significativas da jornada de trabalho e remuneração, durante décadas, a própria presença da mulher no mercado de trabalho era considerada quase um tabu.
Felizmente, o panorama geral mudou muito desde então. No Brasil, as principais mudanças ocorreram após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Afinal, ela equipara direitos e obrigações de homens e mulheres e impulsionou a participação feminina no espaço social, nos postos de comando e na política.
Além de mudanças legais, as transformações sociais, culturais e políticas que ocorreram nos últimos 30 anos aumentaram a presença de mulheres no mercado de trabalho.
Embora o processo tenha sido longo e demorado, que ainda está em construção, considerando o contexto histórico, os resultados ainda precisam ser comemorados.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, em 2022, a taxa de participação de mulheres no mercado de trabalho foi de 52,7%.
Dados do IBGE também revelam que as mulheres brasileiras são, em média, mais instruídas do que os homens. Cerca de 19,4% das mulheres têm nível superior completo contra 15,1% dos homens, por exemplo.
No entanto, as mulheres ainda precisam enfrentar desafios e superar obstáculos para aumentar sua participação no mercado e conquistarem melhores oportunidades de trabalho, assumindo com maior frequência cargos Executivos e remuneração equiparada à dos homens na mesma função.
Os desafios das mulheres no mercado de trabalho
Embora sejam mais escolarizadas e tenham ganhado espaço no mercado, os dados demonstram que as mulheres ainda enfrentam desafios para se inserir e manter seus postos de trabalho.
Conhecer e enfrentar esses desafios é fundamental para criar um mercado mais inclusivo, equitativo e diversificado.
Entenda abaixo quais são alguns obstáculos que as mulheres ainda precisam enfrentar no desenvolvimento de suas carreiras.
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- Equilíbrio entre trabalho e vida familiar;
- Desigualdade salarial;
- Ocupação de posições de chefia.
Equilíbrio entre trabalho e vida familiar
Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho é equilibrar a vida pessoal e profissional. Por questões históricas, culturais e sociais, mulheres ainda se dedicam mais aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos do que homens.
De acordo com dados do IBGE, as mulheres dedicam, em média, 11 horas semanais a mais às demandas domésticas em comparação aos homens.
Essa diferença pode ser ainda maior entre as mulheres pretas ou pardas (12 horas), bem como aquelas com menores salários (14 horas).
Além disso, o estudo realizado pelo IBGE também demonstra que mulheres que convivem com crianças até 3 anos de idade enfrentam mais dificuldade para entrarem e permanecerem no mercado de trabalho.
O maior envolvimento em cuidados e tarefas domésticas exige que as mulheres exerçam uma dupla jornada de trabalho. Ou seja, elas precisam conciliar o trabalho remunerado e o não remunerado para garantir o sustento e a funcionalidade familiar.
Além de dificultar a inserção de mulheres no mercado de trabalho, esses desafios prejudicam a performance das mulheres em seus postos de trabalho.
A dificuldade de conciliar trabalho e vida familiar também aumenta as chances de as mulheres aceitarem salários mais baixos e até exercerem funções diferentes da sua profissão em troca de jornadas mais flexíveis para conciliar as vidas familiar e profissional.
Desigualdade salarial
Embora a desigualdade salarial entre homens e mulheres tenha caído quase 10% entre 2012 e 2022, a diferença no valor da remuneração entre os dois grupos ainda é elevada.
De acordo com dados da PNAD Contínua, em 2022, o salário dos homens foi 28,3% maior do que o das mulheres, mesmo comparando pessoas com atributos produtivos e características socioeconômicas parecidas.
Segundo o IBGE, a diferença entre faixa salarial pode ser ainda maior quando se compara pessoas que ocupam altos cargos e recebem rendimentos maiores. Por exemplo, mulheres que ocupam cargos de direção e gestão recebem, em média, 38,1% menos do que os homens.
Ocupação de posições de chefia
Mesmo com debates, incentivos e formulações de políticas públicas que incentivam a contratação de mulheres para posições de chefia, a sub-representação feminina nesses cargos ainda é uma realidade.
De acordo com dados da PNAD Contínua, em 2022, 39,2% dos cargos gerenciais oferecidos por empresas brasileiras eram ocupados por mulheres. No entanto, esse número está praticamente estagnado desde 2019, quando esse dado era de 39,6%.
A dificuldade que as mulheres enfrentam para conquistar cargos mais altos nas empresas evidencia o chamado fenômeno teto de vidro ou glass ceilling.
Esse fenômeno se refere a barreira invisível criada por fatores culturais, sociais, legais, educacionais, entre outras, que dificulta a progressão de carreira e liderança feminina dentro das empresas.
Por conta disso, essa progressão tende a ser mais lenta entre as mulheres, especialmente porque, muitas vezes, elas precisam comprovar sua competência e produtividade para ocupar cargos mais altos.
Como aumentar a presença de mulheres no mercado de trabalho?
Embora a participação de mulheres nas empresas tenha aumentado nas últimas décadas, os dados demonstram que o mercado de trabalho ainda precisa de mudanças significativas para se tornar mais justo, equitativo e diverso.
Afinal, as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho permanecem elevadas. Além de criação de políticas públicas integradas voltadas para este tema e iniciativas que promovam a conscientização social, a redução da desigualdade de gênero também depende das próprias empresas.
Para isso, as organizações podem adotar estratégias como criar uma cultura organizacional mais inclusiva, realizar processos seletivos que valorizem a diversidade e que focam no recrutamento de mulheres, e com trilhas de carreira que permitam o desenvolvimento de um plano de carreira equitativo.
Essas medidas podem ajudar a empresa a aumentar a presença de mulheres no seu quadro de funcionários e a combater a desigualdade de gênero.
Vale lembrar que ambientes mais diversos tendem a ser mais criativos, produtivos e acolhedores. Por isso, além de ajudar a mudar a forma como o mercado lida com as mulheres, as empresas também são beneficiadas.
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