O plano de cargos e salários é considerado um dos pilares da gestão de pessoas da empresa. Afinal, ele reúne e explica as diretrizes seguidas pela organização em relação aos postos de trabalho e a remuneração praticada pelo negócio.
Se for bem elaborado, esse plano contribui para a atração e retenção de talentos na empresa, além de estimular o engajamento, entre outros benefícios.
Mas como criar um bom plano de cargos e salários?
Para responder essa pergunta, neste artigo, explicaremos o que é, qual a importância e como montar essa política de cargos e salários na sua empresa.
O que é um plano de cargos e salários?
O plano de cargos e salários é uma ferramenta utilizada pelas empresas para definir e regulamentar as responsabilidades, requisitos, níveis de remuneração e progressão na carreira de cada cargo da organização.
Ou seja, ele define as funções que cada cargo deve executar e a remuneração de cada posto de trabalho. Para isso, a ferramenta é elaborada a partir de uma avaliação profunda do negócio e de uma pesquisa de mercado.
Assim, é possível criar uma política interna estruturada e transparente, alinhada com as perspectivas do mercado e até com diferenciais que ajudam a atrair e reter talentos na empresa.
Tópicos essenciais de um plano de cargos e salários
Para atingir sua finalidade, esse plano deve abordar pelo menos os tópicos abaixo:
- Descrição de cargos;
- Avaliação de cargos;
- Política salarial;
- Políticas de promoção e progressão na carreira.
Descrição de cargos
O documento deve descrever em detalhes as responsabilidades, requisitos de formação, experiência e habilidades necessárias para cada cargo na hierarquia da empresa.
Avaliação de cargos
O plano de cargos e salários deve definir de forma clara e objetiva qual o sistema de avaliação de funcionários utilizado pela empresa, bem como a importância e valor de cada cargo dentro da estrutura organizacional.
Política salarial
Esse plano também precisa incluir a política salarial adotada na empresa. Isso significa que ele deve definir quais faixas salariais correspondem aos diferentes níveis de cargos.
Essas remunerações devem ser baseadas em critérios objetivos, como a avaliação de cargos e as práticas de mercado.
Políticas de promoção e progressão na carreira
Por fim, o plano deve definir regras que orientem como os funcionários podem avançar em suas carreiras, seja por meio de promoções, aumento de salário baseado em mérito, ou outras formas de progressão na empresa.
Qual a importância do plano de cargos e salários?
O plano de cargos e salários pode ser considerado um pilar essencial para a manutenção e crescimento da empresa. Isso porque ela é uma ferramenta estratégica que contribui para a gestão eficaz de recursos humanos e financeiros da organização.
Por esse motivo, o investimento realizado na criação e manutenção desse plano está associado às seguintes vantagens:
Vantagens de ter um plano de cargos e salários estruturado
- Otimiza processos de recrutamento e seleção;
- Promove a equidade salarial e o pagamento justo de remunerações;
- Facilita o planejamento financeiro do negócio;
- Aumenta a transparência das ações e condutas da empresa;
- Fortalece o employer branding (marca empregadora) do negócio;
- Favorece a atração e retenção de talentos;
- Ajuda a reduzir a rotatividade de trabalhadores, uma vez que entendem a trilha de carreira e se sentem atraídos pelas oportunidades oferecidas pela empresa;
- Estimula o engajamento e produtividade dos funcionários;
- Aumenta a motivação e a satisfação dos colaboradores;
- Incentiva o crescimento profissional dos funcionários;
- Facilita a sucessão dos cargos na empresa.
Quem pode fazer o plano de cargos e salários?
A elaboração, execução e revisão do plano de cargos e salários normalmente são responsabilidades do setor de Recursos Humanos (RH). No entanto, esse processo geralmente envolve a contribuição de outros setores, como o departamento financeiro.
Além disso, gestores e líderes também podem influenciar na criação desse plano. Vale lembrar que as empresas também podem contratar consultores externos para obter uma orientação especializada e direcionar esse processo de criação de forma mais rápida e eficiente.
Como montar um plano de cargos e salários?
O processo de criação de um plano de cargos e salários tem várias etapas, que variam de acordo com a metodologia utilizada pela empresa. Em geral, esse plano pode ser elaborado com 6 passos simples.
Confira abaixo o passo a passo abaixo que pode ser usado na sua empresa.
Etapas para construção do plano de cargos e salários
- Identifique os cargos existentes na empresa;
- Faça a avaliação de cargos;
- Faça uma pesquisa salarial;
- Crie uma estrutura salarial;
- Revise e valide o plano;
- Documente e divulgue o plano para os funcionários.
1- Identifique os cargos existentes na empresa
O primeiro passo para criar esse plano de cargos e salários na empresa é listar todos os cargos existentes na organização. Isso deve ser feito com o apoio de gestores e líderes, que devem fornecer informações sobre a quantidade e os tipos de posições de cada departamento da empresa.
Caso a organização já tenha um organograma completo da sua hierarquia, também é necessário consultar esse documento.
Dessa forma, será possível coletar dados detalhados sobre as características de cada cargo, incluindo suas responsabilidades, requisitos de formação, habilidades necessárias e nível de complexidade.
2- Faça a avaliação de cargos
O próximo passo é definir o grau de relevância e o valor de cada cargo na organização. Dessa forma, eles podem ser organizados em uma hierarquia, que será utilizada como base para a criação da política salarial da empresa.
Para definir o valor dos postos de trabalho, a empresa deve utilizar alguma metodologia de avaliação de cargos, como o método de pontos, de escalonamento, entre outros.
3- Faça uma pesquisa salarial
Após entender os cargos e definir uma hierarquia de relevância, o próximo passo é fazer uma pesquisa salarial. O objetivo é entender as remunerações e benefícios praticados no mercado em relação aos postos de trabalho da empresa.
Esse é um método eficiente para medir o grau de competitividade dos salários pagos pela organização e compará-lo à concorrência.
Para isso, é importante avaliar a política salarial dos concorrentes diretos da empresa, a região de atuação, o porte da organização e os pisos salariais de cada categoria.
4- Crie uma estrutura salarial
Os dados levantados anteriormente e o planejamento financeiro da empresa devem fornecer as informações necessárias para criar a estrutura salarial da empresa.
Essa estrutura deve organizar informações como faixa salarial, responsabilidades, bem como hard skills e soft skills exigidas para cada cargo.
Além desses dados, essa estrutura deve estabelecer os critérios necessários para que o colaborador cresça na empresa, receba benefícios ou seja promovido.
Esses critérios normalmente estão associados a avaliações de desempenho, cujas regras e metodologias também devem ser explicadas.
Em outras palavras, essa estrutura se refere à política salarial da empresa e exige a criação de uma política de progressão salarial e do plano de carreira dos funcionários.
5- Revise e valide o plano
As decisões e estratégias definidas anteriormente devem ser compartilhadas com a liderança da empresa e com o setor financeiro para que sejam validadas.
Caso seja necessário, o plano deve ser reajustado nessa etapa até que seja validado e possa ser implementado.
6- Documente e divulgue o plano para os funcionários
Após ser validado, o plano deve ser transformado em um documento oficial e disponibilizado para consulta.
É importante utilizar os canais de comunicação da empresa. Divulgue o documento, informando os funcionários sobre as novas diretrizes da empresa.
Aspectos legais e de conformidade em um plano de cargos e salários
A elaboração de um plano de cargos e salários deve estar em total conformidade com a legislação vigente, garantindo que a empresa atenda às exigências legais e evite problemas trabalhistas e jurídicos.
A conformidade com as leis também contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais justo e transparente. Abaixo estão alguns dos principais aspectos legais que devem ser observados ao criar um plano de cargos e salários:
1. Conformidade com a Legislação Trabalhista Brasileira
No Brasil, a legislação trabalhista é regida principalmente pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e o plano de cargos e salários deve respeitar uma série de normas para evitar discriminação, irregularidades salariais ou descumprimento dos direitos dos trabalhadores.
- Salário mínimo: O plano de cargos e salários deve garantir que todos os cargos recebam, no mínimo, o salário mínimo definido por lei. A empresa também deve considerar os reajustes anuais do salário mínimo, que podem impactar a faixa salarial dos cargos mais baixos.
- Equiparação salarial: A CLT determina que empregados que exerçam a mesma função e tenham a mesma qualificação, tempo de serviço e produtividade devem receber salários iguais, a menos que existam diferenças justificáveis, como desempenho ou local de trabalho. O plano de cargos e salários deve garantir que não haja discriminação salarial.
- Horas extras e benefícios: O plano deve definir com clareza a remuneração adicional para horas extras, considerando as horas trabalhadas além da jornada normal e o pagamento de adicional de 50% ou 100%, conforme a legislação, além de outros benefícios, como vale-transporte e vale-refeição.
2. Lei de igualdade salarial
A Lei 9.799/99, que trata da igualdade salarial entre homens e mulheres, proíbe qualquer tipo de discriminação salarial entre os gêneros, com base na diferença de salário para a realização do mesmo trabalho ou função de igual valor.
Isso significa que, ao estruturar um plano de cargos e salários, é essencial garantir que as faixas salariais não favoreçam um gênero em detrimento de outro.
Além disso, a empresa deve garantir a transparência nos critérios de remuneração para evitar qualquer alegação de discriminação. O plano deve ser estruturado de forma a justificar as disparidades salariais, como variações de desempenho, experiência ou qualificação, que sejam aplicáveis igualmente a todos os colaboradores.
3. Plano de carreira e promoções
A legislação trabalhista também impõe que as empresas tratem de forma transparente as regras para promoções, progressão na carreira e aumentos salariais. Isso inclui a definição clara dos critérios para o avanço profissional dos funcionários, de maneira a evitar a discriminação ou favorecimento.
- Promoções justas e transparentes: O plano de cargos e salários deve incluir políticas objetivas e transparentes para promoções, com base em desempenho e competências, para evitar reclamações de favorecimento ou práticas discriminatórias.
- Plano de carreira: Um plano de cargos e salários bem estruturado deve contemplar um plano de carreira estruturado, onde os funcionários saibam com clareza quais são os passos necessários para alcançar níveis hierárquicos superiores.
Esse plano deve ser justo e garantir que todos os colaboradores tenham as mesmas oportunidades de progressão.
4. Conformidade com a Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)
Com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD – Lei nº 13.709/2018), as empresas devem estar atentas ao tratamento de dados pessoais, especialmente quando se trata de informações relacionadas a salários e progressões de carreira.
Ao coletar e armazenar dados para avaliar os cargos e as faixas salariais, a empresa deve garantir que esteja em conformidade com os princípios da LGPD, como a coleta de dados com consentimento, a finalidade específica e a proteção das informações dos funcionários.
Além disso, a transparência e o acesso restrito às informações pessoais e salariais são essenciais para evitar vazamento de dados e assegurar que esses dados sejam utilizados de maneira ética e legal.
5. Diferenciação salarial justificada
A legislação permite que haja diferenciações salariais entre cargos, mas essas diferenciações devem ser objetivas e justificadas. O plano de cargos e salários deve definir claramente os critérios para tais diferenciações, que podem ser baseadas em:
- Qualificações: Cargos que exigem maior formação acadêmica, certificações ou competências específicas devem justificar uma remuneração superior.
- Experiência: A experiência de trabalho pode justificar um salário maior, desde que esteja alinhada com as responsabilidades do cargo e a complexidade das tarefas atribuídas.
- Responsabilidades: A complexidade das funções e a responsabilidade atribuída ao cargo também podem justificar uma remuneração diferenciada. Por exemplo, cargos de gestão ou liderança devem ter um salário compatível com o grau de responsabilidade.
6. Tributação e contribuições sociais
Outro ponto importante é a conformidade com as exigências fiscais. O plano de cargos e salários deve considerar a tributação sobre a folha de pagamento, incluindo contribuições previdenciárias, como o INSS, e impostos, como o Imposto de Renda.
A empresa deve estar atenta para não comprometer a legalidade do plano e garantir que todos os encargos sociais sejam pagos corretamente, de acordo com as remunerações estabelecidas.
7. Compliance e auditoria
A empresa deve estar preparada para realizar auditorias periódicas em seu plano de cargos e salários para garantir que ele esteja sempre em conformidade com as leis trabalhistas e fiscais.
A realização de auditorias internas, acompanhadas de revisões regulares, é fundamental para detectar e corrigir eventuais inconsistências, como a discriminação salarial ou falhas na aplicação de critérios de progressão de carreira.
É importante também que a empresa se mantenha atualizada em relação às mudanças na legislação, realizando ajustes sempre que necessário para assegurar que o plano continue legal e eficiente.
Crie seu plano com a ajuda dos especialistas!
A forma mais fácil de criar um plano de cargos e salários é buscar o apoio de consultores externos e pessoas especializadas na área de RH.
Além de conhecimento teórico e prático nesse tipo de projeto, esses profissionais se diferenciam por fornecer insights do ponto de vista de alguém que não pertence à organização e está acostumado a trabalhar com esse tema.
Isso ajuda a empresa a ter mais clareza e ser mais detalhista durante o processo de criação do plano. Assim, os resultados alcançados serão bem melhores.
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