A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é um recurso fundamental para organizar o mercado de trabalho no Brasil.
Implementada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a CBO padroniza e descreve as diversas ocupações existentes no país, sendo utilizada por empresas, trabalhadores e órgãos públicos para uma ampla gama de finalidades.
Neste guia completo, vamos explorar a história, a estrutura, os usos e os desafios desse sistema de classificação, explicando como ele se mantém relevante no cenário atual.
O que é a CBO?
A CBO é uma ferramenta que define e organiza as ocupações no Brasil, criando uma linguagem comum para descrever os cargos disponíveis no mercado de trabalho.
Cada ocupação recebe um código numérico específico, que ajuda a padronizar a forma como as profissões são entendidas e registradas. Isso facilita o reconhecimento oficial das funções exercidas pelos trabalhadores e fornece uma base para políticas de emprego e qualificação.
A primeira versão da CBO surgiu em 1977, com o intuito de melhorar o registro e monitoramento do mercado de trabalho no Brasil.
Com o tempo, a classificação passou por diversas atualizações, sendo a mais significativa em 2002, quando novas ocupações foram incluídas e descrições ajustadas para refletir as mudanças nas dinâmicas econômicas e tecnológicas.
Por que a CBO é importante?
A padronização trazida pela CBO tem um impacto profundo em diversos aspectos do mercado de trabalho.
Primeiramente, ela facilita a comunicação entre empregadores e empregados, fornecendo descrições claras das funções e responsabilidades de cada cargo. Isso evita ambiguidades na hora de criar contratos de trabalho e descrever atribuições profissionais.
Outro papel essencial da CBO é o de apoiar políticas públicas e programas de qualificação profissional. Ao definir as ocupações de forma estruturada, o governo consegue identificar áreas que precisam de incentivo, direcionar recursos e criar programas de capacitação que correspondem às necessidades reais do mercado.
A classificação também é relevante para a administração de sistemas de previdência e benefícios trabalhistas, como no caso do INSS, onde a CBO é utilizada para categorizar profissões com critérios específicos para aposentadoria e auxílio-doença.
Estrutura e funcionamento da CBO
A CBO organiza as ocupações em uma estrutura hierárquica, que agrupa funções de acordo com suas características e atividades principais. Essa hierarquia é composta por grandes grupos ocupacionais, subgrupos e, finalmente, as ocupações específicas, identificadas por um código numérico de seis dígitos.
- Grandes grupos: representados pelos dois primeiros dígitos do código, abrangem categorias amplas, como “trabalhadores da construção civil” ou “profissionais de ciências e artes”.
- Subgrupos: os dígitos intermediários detalham subcategorias dentro do grande grupo, especificando a área de atuação.
- Ocupações específicas: os dois últimos dígitos identificam a função particular, oferecendo uma descrição detalhada das atividades realizadas.
Essa estrutura facilita a localização e o entendimento das ocupações. Por exemplo, o código 2131-10 corresponde a “engenheiro civil”, e a descrição inclui atividades típicas do cargo, formação exigida e possíveis especializações.
Quais as aplicações práticas da CBO?
O uso da CBO vai além de apenas descrever ocupações. Empresas, trabalhadores e o governo se beneficiam dessa classificação de várias maneiras:
- Empresas de recrutamento: Ao utilizar a CBO na descrição de cargos, as empresas garantem que os anúncios de vagas sejam claros e compatíveis com as expectativas do mercado. Isso ajuda a atrair candidatos qualificados e a definir melhor os requisitos das funções.
- Administração pública: Governos utilizam a CBO para formular políticas de emprego, identificar áreas com demanda crescente ou em declínio e direcionar investimentos em educação e formação profissional. A classificação também serve para criar estatísticas confiáveis sobre o mercado de trabalho, auxiliando na elaboração de programas de emprego.
- Segurança social e previdência: O uso da CBO no sistema previdenciário é crucial para definir critérios de aposentadoria especial e benefícios por incapacidade, de acordo com as condições e riscos associados a cada ocupação.
Como consultar a CBO?
A consulta à CBO pode ser feita gratuitamente no site oficial do Ministério do Trabalho e Emprego. Basta acessar a plataforma e pesquisar por palavras-chave, códigos ou famílias ocupacionais.
O sistema permite que qualquer pessoa obtenha informações sobre as ocupações reconhecidas, suas descrições, atividades típicas e requisitos educacionais.
Para quem utiliza a CBO, é importante saber que ela não apenas define as funções, mas também apresenta as condições gerais de trabalho, detalhando os ambientes e os riscos, e os requisitos de formação, indicando o nível de escolaridade necessário e a experiência desejável.
Como a CBO lida com novas ocupações?
O mercado de trabalho está em constante mudança, e novas profissões surgem rapidamente, especialmente com o avanço tecnológico. A CBO precisa se adaptar para refletir essas transformações.
Para isso, revisões periódicas são feitas, incorporando novas ocupações e ajustando as descrições das existentes. Profissões como analista de redes sociais e desenvolvedor de aplicativos são exemplos de funções que foram incluídas em versões mais recentes da CBO.
Esse processo de atualização envolve consultas a especialistas do mercado de trabalho e a análise de novas demandas. Quando uma ocupação é adicionada à CBO, ela passa a ser reconhecida oficialmente, o que ajuda a regulamentar o exercício profissional e a criar diretrizes para a formação de trabalhadores na área.
CBO e o impacto no futuro do trabalho
As mudanças nas dinâmicas do trabalho, impulsionadas por tecnologias como inteligência artificial e automação, estão modificando ou até eliminando algumas ocupações.
Por outro lado, novas funções estão emergindo, especialmente em áreas ligadas à tecnologia, sustentabilidade e saúde digital. A CBO deve acompanhar essas tendências, incorporando ocupações que ainda estão se desenvolvendo e ajustando descrições para profissões que passaram por transformações significativas.
A adaptação contínua da CBO é crucial para garantir que as políticas de emprego e educação sejam adequadas à realidade do mercado de trabalho. É esperado que, nos próximos anos, a classificação inclua funções relacionadas a sustentabilidade, análise de dados e economia criativa, refletindo as novas demandas econômicas e sociais.
Limitações e desafios
Embora a CBO seja uma ferramenta valiosa, ela não é perfeita. Algumas limitações incluem a dificuldade em capturar toda a complexidade de certas profissões e a velocidade com que novas ocupações surgem, dificultando a atualização constante.
Em setores de rápida transformação, como tecnologia, as descrições podem ficar desatualizadas ou não representar fielmente as atividades desempenhadas pelos profissionais.
Outro desafio é garantir que os empregadores utilizem a CBO de maneira correta, especialmente na hora de definir cargos e salários. A má utilização da classificação pode gerar problemas trabalhistas e dificultar a comparação de funções entre diferentes empresas.
Passo a passo de como usar a CBO para empresas e trabalhadores
A utilização prática da CBO pode ser vantajosa tanto para empresas quanto para trabalhadores, permitindo um entendimento mais claro das funções e responsabilidades profissionais. A seguir, apresentamos um guia prático para ambos os públicos:
Para empresas
Descrever cargos e funções com precisão
A CBO pode ajudar a padronizar as descrições dos cargos, garantindo que os anúncios de vagas sejam claros e bem definidos. Ao utilizar a classificação oficial, as empresas evitam ambiguidades e descrevem as exigências com base em padrões reconhecidos. Para isso, é importante seguir estes passos:
- Consulte a CBO para encontrar o código que corresponde à função que você deseja descrever. É possível fazer isso por meio de palavras-chave ou pelo agrupamento ocupacional.
- Leia a descrição completa e ajuste o anúncio de vaga para refletir os requisitos e responsabilidades da ocupação listada.
- Inclua as qualificações recomendadas e as condições gerais de trabalho. A CBO geralmente indica o nível de formação esperado e outras exigências, como experiência prévia.
Estruturar planos de carreira e promoções
A CBO oferece uma base para a criação de planos de carreira, ajudando as empresas a estruturar os critérios para promoções e progressão profissional.
Por exemplo, se a organização quer desenvolver um programa de ascensão de cargos, pode utilizar os códigos da CBO para definir quais qualificações adicionais são necessárias para o próximo nível.
- Mapeie os cargos atuais usando a CBO e identifique as ocupações que representam o próximo passo na carreira dos funcionários.
- Defina as competências e qualificações necessárias para promoções, baseando-se nas descrições da CBO.
Elaborar contratos de trabalho e definir salários
A CBO facilita a definição dos contratos de trabalho ao fornecer uma descrição detalhada das atividades de cada função. Isso pode ser usado para determinar a faixa salarial, os benefícios e até mesmo a carga horária.
- Use a descrição de atividades para detalhar as obrigações contratuais de forma transparente.
- Consulte a CBO para verificar se a ocupação possui exigências específicas que possam afetar o cálculo de remuneração e benefícios.
Para trabalhadores
Compreender os direitos trabalhistas
Conhecer o código e a descrição da ocupação na CBO pode ajudar os trabalhadores a entenderem melhor os direitos relacionados à sua função, como condições para aposentadoria especial ou a concessão de benefícios previdenciários.
Se a ocupação estiver listada com atividades de risco ou exposição a agentes nocivos, o trabalhador poderá ter direito a condições especiais de aposentadoria.
- Pesquise o código CBO correspondente à sua ocupação e verifique se há indicações de risco à saúde ou exigências diferenciadas.
- Use essas informações para discutir benefícios ou aposentadoria com o empregador ou a previdência social.
Melhorar a empregabilidade
Conhecer as exigências descritas na CBO para a sua ocupação pode ser um diferencial para se destacar em processos seletivos. Ao saber quais competências são necessárias, o trabalhador pode buscar cursos e certificações que atendam a essas demandas.
- Consulte a descrição da ocupação e veja as qualificações recomendadas.
- Invista em formações que aumentem sua qualificação profissional e que estejam alinhadas às exigências da CBO.
Negociar salários e condições de trabalho
A CBO pode ser usada como referência para negociações salariais, uma vez que as descrições de ocupações trazem informações sobre as condições gerais de trabalho, o que pode ser útil para argumentar sobre melhorias salariais ou adicionais de insalubridade e periculosidade.
- Analise a CBO para verificar se a sua ocupação possui algum tipo de adicional.
- Utilize as informações para embasar suas argumentações em negociações trabalhistas.
Diferença entre a CBO e outras classificações de profissões
A CBO não é o único sistema de classificação de ocupações no mundo. Sistemas como a Standard Occupational Classification (SOC) dos Estados Unidos e a Classificação Internacional Uniforme de Ocupações (ISCO), usada globalmente, também categorizam profissões de forma padronizada.
A principal diferença é que, enquanto a SOC e a ISCO são adaptadas aos contextos norte-americano e internacional, respectivamente, a CBO é específica para o Brasil, refletindo as necessidades locais e particularidades trabalhistas.
A CBO é mais detalhada em áreas relevantes para o mercado brasileiro, como o agronegócio, e considera aspectos como insalubridade e periculosidade, que podem não ser abordados com a mesma profundidade em outras classificações.
Além disso, enquanto a SOC organiza as ocupações com códigos que podem ter até oito dígitos, a CBO utiliza um sistema de seis dígitos que segue uma hierarquia específica.
Já a ISCO, embora sirva para comparações internacionais, é mais genérica, visando facilitar a integração dos dados entre países. Isso faz com que a CBO seja mais adequada para o contexto nacional, enquanto os outros sistemas são usados para análises globais ou regionais.
Conclusão
A Classificação Brasileira de Ocupações é um pilar importante para o funcionamento do mercado de trabalho no Brasil. Sua padronização ajuda na organização de cargos, nas políticas públicas e na administração de benefícios sociais.
Para trabalhadores, conhecer a CBO pode ser um diferencial na busca por emprego, enquanto para empresas, usá-la corretamente melhora o processo de recrutamento e a gestão interna.
Manter a CBO atualizada é essencial para acompanhar as mudanças no mundo do trabalho, e é responsabilidade de todos — governo, empresas e sociedade civil — contribuir para que a classificação continue a refletir a realidade do mercado.
Se você nunca consultou a CBO, agora é um bom momento para explorar essa ferramenta e entender como ela pode ser útil no seu dia a dia profissional.
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